segunda-feira, 30 de junho de 2008

Contos e Poesia

SOB VIGILÂNCIA


À espreita,
nuvem maliciosa
desaba
o corpo na lona
azul cobalto.

Incorpora-se, então,
a dor nos póros entorpecidos
por falsas películas de felicidade.

Surge uma leitura
só osso e nervo;
a descoberta do prazer
como excesso de cordas na orquestra.

Os olhos gritam
décadas de convívio deletadas
em fina ferocidade.

A cidade expande suas fronteiras
com as pedras de palavras em demolição.

Inseguros, sentimos sensores
rastreando a pronúncia de novos movimentos
como se uma presença antiga
convertesse afeto em penitência.

José Antônio Cavalcanti
http://poemargens.blogspot.com
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